domingo, 21 de março de 2010

DEPOIMENTO DE HELIANE BARROS SOBRE MADLÉIA

Um dia, tive o privilégio de assistir, em Belo Horizonte, a maravilhosa Bibi Ferreira interpretando Joana e o belo Adriano Reis, Jasão. Pois bem, a presença de Bibi era tão forte que apesar de , na época, ter ido pela beleza do Adriano, não consegui desgrudar os olhos de Bibi, tal era a sua força interpretativa. Para mim só existia ela . Passados mais de 25 anos a cena foi repetida. Somente você estava no palco, para mim com o mesmo magnetismo de Bibi. Nem a nudez de “Jasão” na cena final desviou meu olhar. Jomard ficou espantado com minha reação. Eu disse para “meu filho” Vavá que precisava disser isso para você. Parabéns amigo, pelo roteiro e interpretação, vá em frente! Abraço também em Bartô pela direção. Enfim, um espetáculo para ser assistido muitas vezes. Beijão e M em toda temporada. Mamã.

sexta-feira, 12 de março de 2010

MADLÉIA POR CARLOS BARTOLOMEU

Medeia de Eurípedes para mim seria uma declaração afirmativa, embora dolorosa sobre o diferente, o estranho, o obscuro. Uma ritualística acusação sobre a impossibilidade ocidental de reverencia tais máscaras; a cruel negativa de introduzir o diálogo com o a passividade agressiva experimentada pelos muitos ângulos do gênero. A Medeia de Henrique Celibi é a exposição dessa agressividade voltada contra a mente da personagem, a inconsciência de que tal condição é cultural e passível de mudança. Acrescente-se a isso, firulas paródicas, deboche e o aclamar da insanidade que minha encenação instigou.
O mito de Medeia, hoje, esperneia por obra e graça de sua carga infanticida, ao meu ver de menor aporte que o fato dela ter investido contra o poder estabelecido, o masculino, o dogmático, quando apeada de sua associação com o mesmo. Emociona-me pensar que sua destruição foi ditada por sua ignorância sobre o desejo de poder, e a ação física do próprio tempo. O mito arrancada a máscara do feminino oportunista, só deixa para ele, vingança e fuga. Especulo ser esta a razão de tal personalidade ter amparado carreiras em seus momentos duvidosos. Deixo escapar tal "impropriedade" ao lembrar da interpretação de Callas para o Medeia de Pasolini. A ausente presença de Onassis como fermento de sua interpretação pulsa naquela ardente criação.
  Celibi é um vivente, não é um sobrevivente. Artista maior entre tantos menores, escritor de textos pra cena teatral, criador visual, báquico intérprete de si mesmo e de outras máscaras imprescindíveis. Foi viveca e não foi. Aprendeu com Beto Diniz a arquitetura de palco. Coreografou vestimentas para corpos do samba em evolução do carnaval carioca e deu luz ao maior sucesso de público de todos os tempos da cena pernambucana: Cinderela a estória que sua mãe não contou. Enfim, um/a MAD LEIA. Ou seria bad?
 Carlos Bartolomeu.